São em momentos de crise que vemos situações paradoxais ocorrerem desde um ponto de vista superficial. Porém sempre há uma explicação para tudo, que acaba trazendo à tona a realidade.
Neste momento vivemos algo do gênero no que concerne as reações recentes dos agentes do mercado financeiro aos dados positivos do Emprego nos Estados Unidos nos últimos meses. O que pudemos acompanhar na semana passada deixa isto muito claro, pois os números do emprego foram muito mais positivos do que o esperado e nem por isso o mercado deu sinais de animar-se com a repercussão e o possível impacto na economia.
Quem acompanha o mundo do trading sabe que o evento mais importante da agenda macroeconômica mundial a cada mês é a divulgação do relatório NFP (Non Farm Payroll) nos Estados Unidos, com os números do desemprego norte americano. Mas o que de fato ele representa?
Os números da semana passada mostraram que o nível de desemprego oficial caiu para 4.9 % (o menor nível desde 2008) com 150.000 adições à folha de pagamento. Isto é evidência clara de desaceleração mas olhando somente pelos números não é bem a ideia que nos vem em mente.
Mas o mais interessante é o fato de que essa taxa numérica tão impressionante só pode ser alcançada por um fator não levado em consideração, que é a queda no índice de participação ou seja da proporção de Norte americanos que se colocam disponíveis para trabalhar (buscando ativamente trabalho).
Sob esta óptica vemos a importância de se considerar o índice de participação na análise do índice de desemprego para avaliar de forma clara se as coisas estão de fato melhorando ou não com a economia do país.
Levando isso em consideração vemos que o nível atual de participação (59%) infelizmente se encontra ao mesmo nível de 1978 e muito abaixo da máxima dos anos 2000 (65%).
Assim entendemos a insatisfação do mercado com os números que (a primeira vista) parecem muito bons mas entendendo o seu verdadeiro significado sabemos que não são.