Meu grande amigo Marcus desde sempre se mostrou um cara interessado em investimentos e sempre contou comigo para desbravar um pouco o mundo das finanças, até porque na sua formação como dentista sempre passou a milhas de distancia dessa area.
Eis que esta semana ele me presenteia com um email contendo uma lâmina com todas as aplicações financeiras que ele possui junto ao banco parceiro com o qual ele trabalha.
Me pediu apoio para saber como estavam os seus rendimentos, pois sendo começo do ano queria saber o que dizer a gerente, se era necessário ou não uma fazer alguma mudança nos mesmos.
Foi um trabalho bem bacana voltar a calculadora para converter taxas de juros, assim como tentar explicar algumas referencias básicas do Mercado Financeiro para que ele pudesse tirar as próprias conclusões do que eu fosse explicar a ele.
Abaixo segue a transcrição da minha resposta (o mérito não está nos valores em si mas na interação entre as variáveis levadas em questão):
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Grande Marcus,
Abri aqui a lamina das tuas aplicações. Já vejo que são todos Pós fixados, o que já é uma boa escolha, pois com a tendência clara de alta dos Juros, Pré fixados te dariam muito prejuízo.
Antes das rentabilidades, te passo primeiro uns dados que deves levar em consideração para análise (os cálculos foram feitos com uma calculadora de iPhone assim que os números são aproximados não fui além de 2 casas decimais):
FGC – Fundo Garantidor do Crédito, no Brasil cobre 200.000 reais da grande maioria das aplicações bancárias e de renda fixa hermano, verifica sempre se o produto que escolheres esta debaixo deste pois
DI -Taxa que remunera os depósitos Overnight dos bancos junto ao BACEN. A taxa acompanha de perto a SELIC, pois o governo cobra a SELIC mais um mark-up pequeno para emprestar dinheiro.
SELIC – e a taxa base de Juros da economia do país, norteia os compromissos com emissões de títulos da dívida pública
DI atual (mês) – 1.16%
DI médio 2014/2015 – 0.96%
IPCA 2015 – 10.67%
Poupança 2015 – 7.78%
Renda Fixa – retorno esperado por Perfil do Risco:
Passiva: 95% CDI (0.91% médio por mês no período), não pode cobrar Tx de Performance e Tx Adm não maior que 0.25%.
Ativos: Fundos DI
Moderado: 103% CDI (0.99% médio por mês no periodo), não pode cobrar Tx de Performance e Tx Adm não maior que 0.50%.
Ativos: Tesouro Direto, CDBs primeira linha, LCI/LCAs (isento de imposto ainda)
Agressivo: 115% CDI (1.10% médio por mês no período), dependendo do fundo e resultado aceitável Tx de Perf e Tx de Adm não maior que 1%.
Ativos: CDBs segunda linha, Titulo Privados, FIIs, FIDCs, Fundos Renda Fixa ativos
Retorno Carteira:
Fundo 1 – (sem ver a carteira e as taxas não dá para classificar o perfil do Fundo)
22,48% Retorno Líquido Absoluto (26 meses), 0.77% ao mês em média (80% DI), 9.64% ao ano em média;
Esteve abaixo da media do DI no período e distante do retorno esperado de 0.91% mês de uma gestão passiva, bateu a poupança porém foi batido pela inflação em 2015 ou seja em vez de ganho você teve uma defasagem em termos de poder de compra (inflação cresceu mais que teu rendimento)
Pede a informação da carteira do Fundo que vemos no que investem, sem muito esforço acho que encontras equivalentes com melhores condições buscando pelo menos 95% CDI.
Fundo 2 – (sem ver a carteira e as taxas não dá para classificar perfil do Fundo)
15,63% Retorno Líquido Absoluto (20 meses), 0.72% ao mês em média (75% DI), 8.99% ao ano em média;
Ainda mais abaixo do DI;
Pede a informação da carteira do Fundo que vemos no que investem, se for Passivo, o que acho difícil, está indo bem se não for dá para achar melhor.
Fundo 3 – (sem ver a carteira e as taxas não da para classificar perfil do Fundo)
16,12% Retorno Líquido Absoluto (20 meses), 0.75% ao mês em média (78% DI), 9.38% ao ano em média;
Pouco acima do FLEX por isto fica com as mesmas considerações
Fundo 4 – (imagino ser Poupança mas estranho ter Imposto pois poupança não tem)
7,52% Retorno Liquido Absoluto (18 meses), 0.41% ao mês em média (43% DI), 5.03% ao ano em media;
Confere os cálculos algumas vezes pois tá feio esse aí, perdendo até para a poupança, que dirá pra inflação;
Pede a informação da carteira do Fundo que vemos qual o propósito de existência do mesmo.
Olha Marcus até chequei os calculos novamente pois achei todos muito aquém do mínimo exigido, mas sabemos que Brasil no âmbito bancário é complicado, literalmente passam tudo aquilo de pior que existe aos clientes. Busca as laminas dos fundos pois fiquei curioso para ver no que investem e o que vendem (a proposta de investimento de cada um deles) e objetivos de rentabilidade.
Com uma pesquisa não muito extensa encontras os melhores fundos dentro de cada categoria e facilmente alocas melhor teus fundos.
Abração
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Pois é pessoal, acho que como ele muitos acabam entregando a alocação da carteira a gerentes que muitas vezes não estão buscando o melhor para você, mas sim a melhor maneira de bater a meta do mês deles.
Por isso que vale a pena botar a mão na massa e buscar mais conhecimento sobre o assunto, para que você mesmo possa selecionar as melhores aplicações para o seu dinheiro.